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Review de Alcatraz: mistério e casos semanais no melhor estilo J. J. Abrams de ser

Alcatraz é a nova série de J. J. Abrams a estrear nesta midseason e já marcou altos índices de audiência, com 10 milhões de telespectadores e 3.3 na demo pela televisão norte-americana. Combinando casos semanais e muito mistério como plano de fundo, a produção tem tudo para agradar os fã de Lost, Alias, Fringe e outras séries que seguem formatos parecidos.

Confira aqui a nossa review dos dois primeiros capítulos da série e saiba quais foram as nossas impressões iniciais da nova produção. Mas fique esperto, já que o texto a seguir está recheado de spoilers.

Em Alcatraz, acompanhamos o mistério do desaparecimento de mais de 300 homens da prisão mais famosa dos Estados Unidos, em 1963. Diferente do que se conta, o local não foi simplesmente fechado por falta de estrutura, mas sim teve um sumiço em massa de todos que ali estavam, sem maiores explicações.

A história se complica, no entanto, quando os mais perigosos detentos retornam para os dias atuais sem mostrar sinais de envelhecimento e cometendo diversos crimes. É aí que entra a detetive Rebecca Madsen (interpretada por Sarah Jones, de Sons of Anarchy), uma jovem policial que possui uma ligação peculiar com a antiga prisão.

Para ajudá-la a desvendar os casos, a detetive conta com a ajuda de Diego Soto (Jorge Garcia, de Lost) , um especialista na história de Alcatraz. Os dois são assistidos por Emerson Hauser (Sam Neill, de Jurassic Park), o primeiro policial a entrar na prisão após o sumiço das pessoas e que trabalha em uma divisão especial do FBI.


Apesar de chamar a nova dupla para fazer parte de sua equipe na polícia federal, Hauser não conta detalhes daquilo que sabe. Descobrimos, por exemplo, que o personagem sabia que os prisioneiros voltariam mais cedo ou mais tarde, e que a sua assistente Lucy Banerjee (Paraminder Nagra, de E.R.), também fazia parte da equipe de Alcatraz em 1963.
As duas narrativas

Se você já assistiu a Lost, vai sentir uma estranha familiaridade com o estilo narrativo de Alcatraz, que se utiliza de duas linhas temporais. A primeira mostra os acontecimentos atuais envolvendo os prisioneiros e, a segunda, retorna à prisão na década de 60 para contar mais sobre o passado de cada prisioneiro e sobre aqueles que trabalhavam no local.

Com isso, os roteiristas conseguem trazer mais informações cruciais sobre a prisão na época e sobre os detentos, suas motivações e a forma com que eram tratados ali. Para completar, é uma boa maneira de surpreender o público, especialmente quando se introduz um personagem no presente que possui ligação com o passado, caso da assistente de Hauser, Lucy.



Descobrimos ao final do segundo episódio da série que Lucy é, na verdade, uma médica psiquiatra que foi contratada pela prisão em 1960 e, portanto, sumiu junto com todos os outros. Dessa forma, percebemos a extensão daquilo que Hauser esconde. Se até mesmo a sua assistente passou por esta “experiência”, o que mais ela contou sobre o assunto?

Tendo esta forma de narrar a história, Alcatraz traz a marca das produções de J. J. Abrams, com o pequeno diferencial de trazer o prisioneiro como primeiro plano da narrativa do flashback. Não chega a ser um formato diferente, é algo a que estamos acostumados depois de várias séries no mesmo estilo.

Para deixar tudo ainda mais simples para o telespectador, a série ainda traz o local e data todas as vezes que passeia entre passado e futuro, o que situa rapidamente quem está assistindo, mesmo que seja pela primeira vez.

Se pensarmos que a FOX está sofrendo com a audiência de Fringe, exatamente por se tratar de uma série “complicada demais” (uma vez que traz realidades alternativas e universos paralelos), nada mais coerente do que a emissora continuar investindo em uma série de mistério, porém em um formato que agrade a um público maior.



O público-alvo é bastante parecido, mas a facilidade de se acompanhar, mesmo quando se perde um ou outro episódio, faz com que a série mantenha bons números de audiência. Pelo menos, é isso que se espera (afinal, tivemos apenas dois episódios veiculados nos Estados Unidos).

Entre os destaques técnicos, vale a pena comentar também a trilha sonora, novamente encabeçada por Michael Giacchino, que agrega ainda mais às cenas. É fácil perceber a marca do autor nas cenas mais obscuras, passadas na prisão, quando a música ajuda a aumentar a tensão do espectador.


Os personagens

Além da forma narrativa e da música, ainda temos mais um elemento conhecido em Alcatraz: a participação de Jorge Garcia, desta vez no papel de Soto, o estudioso e profundo conhecedor do presídio de segurança máxima. Quem assistiu a Lost passa alguns minutos tentando tirar a imagem de Hurley da cabeça, para então acreditar que estamos falando de um novo personagem.

A grande sacada, no entanto, é trazer algo diferente para Soto, seja em seu figurino ou na maneira com que ele se dirige à Madsen. Logo no segundo episódio, percebemos que o personagem não está ali apenas para o alívio cômico, mas também apresenta profundidade quando mostra a sua preocupação em não ser bom o suficiente para aquele trabalho (ou ainda quando se incomoda ao ver o corpo da adolescente morta).

Claro, Soto traz muito de cultura pop e de referências nerds (ele é escritor de quadrinhos e é dono de uma loja do gênero), algo existente também em seu papel anterior. Mas isso não tira o mérito do ator, que consegue convencer como Soto (ao mesmo tempo em que continua cativante).

Já Sarah Jones, no papel da detetive Madsen, parece ser nova demais para interpretar o personagem em um primeiro momento Isso é logo justificado durante o piloto, afirmando que a garota teve ascensão meteórica exatamente por estar envolvida na polícia desde pequena, uma vez que o pai trazia os casos para casa. A atuação de Jones dá conta do resto, mostrando que a atriz é a dona do papel, especialmente na cena em que limpa o sangue do corpo após acudir Lucy.

Enquanto isso, Sam Neill mostra com facilidade os dois lados de Hauser, especialmente depois do incidente de Lucy. Enquanto em alguns momentos ele se comporta como o “cara mal”, em outros é possível ver sua dor, já que parece ter uma relação estreita com sua assistente.

Nos três casos, não vemos nada de extraordinário nas atuações, mas sim personagens que convencem e se mostram bem construídos, capazes de levar a série por várias temporadas. As grandes atuações ficam por conta dos prisioneiros, em especial Jack Sylvane, que mostra todo o potencial que a narrativa pode trazer.
Vale a pena?

Alcatraz não traz grandes inovações, mas nem por isso é uma série que deve ser deixada de lado. Quem conhece as produções de J. J. Abrams sabe como o roteiro pode evoluir e trazer ainda mais mistério para a história que está em segundo plano. Não é apenas o caso da semana que segura boa parte dos espectadores, mas também a promessa de que, aos poucos, saberão mais sobre a prisão e as razões do retorno dos prisioneiros.

Durante os primeiros episódios, percebemos que os roteiristas sabem como deixar o público curioso ao mesmo tempo em que dão algumas respostas ao que está acontecendo. A trama que envolve Lucy, no segundo episódio, é prova disso. Vimos, ao final dele, que ela é uma das desaparecidas de Alcatraz , ou seja, uma compensação para os telespectadores depois do sofrimento que passamos ao acompanhar sua situação atual.



A narrativa com Alcatraz, um lugar tão peculiar como pano de fundo, certamente pode agradar quem gosta do gênero. Agora, basta aguardar para ver se a série vai deslanchar nos Estados Unidos, o que parece ser uma aposta bastante segura. No Brasil, o primeiro episódio de Alcatraz já foi ao ar pela Warner Channel.

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